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20/01/2025 às 13:00
Eleição de síndico

Policial gaúcho é preso por injúria racial em eleição para síndico em Vila Velha

Carlos Augusto Mennet Marchiori é de Porto Alegre e policial civil aposentado; ele foi autuado e encaminhado ao sistema prisional

Uma confusão durante uma eleição para síndico em um condomínio no bairro Praia de Itaparica, em Vila Velha, acabou com um homem de 60 anos detido na noite de quinta-feira (16). De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, o preso é Carlos Augusto Mennet Marchiori, que é policial civil aposentado do Rio Grande do Sul.

Carlos Augusto é de Porto Alegre e disputava a eleição para síndico do condomínio em que mora em Vila Velha. Ele relatou aos policias após a confusão que teria sido ofendido, mas outras pessoas o acusam de ter proferido xingamentos racistas contra o adversário no pleito.

O boletim de ocorrência traz a informação de que a Polícia Militar foi acionada para averiguar uma denúncia de racismo durante a eleição em um condomínio residencial. No local, testemunhas relataram o que aconteceu, confirmando que houve uma confusão envolvendo o policial e uma outra pessoa.

A confusão teria começado, segundo relatos de testemunhas, depois que Carlos Augusto percebeu que estava sendo derrotado na eleição. O policial, então, teria dito que o processo era uma fraude e teria pedido a anulação do pleito.

Em meio à discussão, o aposentado teria xingado algumas pessoas, inclusive a advogada do condomínio, que ocupava um lugar na mesa de votação. Conforme descrito no boletim de ocorrência, o policial teria percebido que os moradores não estavam aceitando a ideia de cancelamento da eleição e se exaltou. Ele teria tentado agredir alguns moradores. Naquele momento, uma das pessoas teria escutado o policial civil proferir xingamentos racistas.

"Macaco e caranguejo preto" teriam sido os termos usados pelo policial civil, de acordo com uma das testemunhas. A vítima é um homem de 70 anos, que era adversário do policial na eleição do condomínio.

A Polícia Militar foi acionada e esteve no local, segundo o boletim. Testemunhas confirmaram a confusão. Algumas relataram ter escutado os xingamentos racistas. Outras, no entanto, não confirmaram a suspeita de racismo durante a confusão.

Carlos Augusto Mennet Marchiori, de 60 anos, confirmou aos policiais militares após a confusão que realmente se exaltou, mas negou que tenha agredido verbalmente ou fisicamente qualquer uma das pessoas envolvidas na confusão. Ele relatou ter sido chamado de "gaúcho chinelão" e ouviu que deveria "voltar para sua terra", em referência ao Rio Grande do Sul.

A filha do policial, uma mulher de 28 anos, afirmou que foi alvo de agressões de alguns moradores. As pessoas teriam jogado uma planta nela.

Policial foi autuado

De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, a vítima dos xingamentos racistas foi encaminhada à 2ª Delegacia Regional de Vila Velha. O policial civil aposentado também foi levado para o local em uma viatura da corporação.

De acordo com apuração do repórter Caíque Verli, da TV Gazeta, o policial foi autuado e passou por exames no Instituto Médico Legal, em Vitória. Em nota, a Polícia Civil capixaba confirmou que Carlos foi autuado em flagrante por injúria racial e encaminhado ao sistema prisional.

A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), responsável por monitorar entradas e saídas do sistema prisional capixaba, informou que Carlos Augusto deu entrada na Penitenciária de Segurança Média 1 (PSME1), no Complexo de Viana.

O que diz a Polícia Civil do Rio Grande do Sul

A reportagem de A Gazeta procurou a Polícia Civil do Rio Grande do Sul para ter mais informações sobre uma possível apuração interna do caso. Carlos Augusto Mennet Marchiori aparece no Portal da Transparência do governo estadual como vinculado à Polícia Civil, mas com situação "inativa".

Procurada, a corporação, por meio da assessoria de comunicação, informou que, como o crime aconteceu em Vila Velha, a Polícia Civil do Espírito Santo será responsável pela apuração. "Sobre informações da vida funcional do policial não temos autorização para passar", informou a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

Racismo e injúria racial

A Constituição Federal de 1988 define o racismo como crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão (art. 5º, XLII). A Lei nº 7.716/1989 regulamenta o tema, tipificando diversas condutas discriminatórias.

A criminalização reflete a luta contra a exclusão histórica de populações negras, que sofreram séculos de escravidão e posterior marginalização.

No Código Penal (art. 140, §3º), injúria racial, uma ofensa individual com base em raça ou cor, também é punida. Essas medidas visam garantir igualdade e combater a discriminação racial no país.

Fonte: https://www.agazeta.com.br/es/policia/policial-gaucho-e-preso-por-injuria-racial-em-eleicao-para-sindico-em-vila-velha-0125

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