Edifícios tentam proteger jardins, muros e conter ânimos de moradores na folia
O Carnaval toma as ruas de Belo Horizonte e altera a rotina da cidade. Do lado de dentro de condomínios próximos à concentração de blocos, a vida também é alterada pela folia. O momento é de tensão para síndicos, que correm para montar uma estrutura de segurança ao redor de prédios, apaziguar os ânimos de condôminos e distribuir um recorde de multas por desvios de comportamento.
“O Carnaval é a época com mais multas. São problemas como pessoas chegando tarde e falando alto, chegando com alto teor alcoólico e discutindo no prédio, batendo na porta do elevador para ele andar mais rápido...”, descreve o presidente da Associação Mineira dos Síndicos e Síndicos Profissionais (AMSSP), Fábio Teles, responsável pela administração de 35 prédios na região Centro-Sul de BH.
Para evitar maiores desentendimentos, alguns prédios restringem a reserva de salões de festa durante o Carnaval. Os porteiros também são treinados para reforçar a segurança, e a equipe de limpeza trabalha mais para tirar todo o glitter acumulado no chão. Condomínios com portaria eletrônica e mais receosos com a segurança chegam a contratar vigias só para a temporada.
“Muitos prédios ficam quase vazios com pessoas que viajam, e a preocupação com a segurança aumenta”, pontua o diretor do braço mineiro da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário, Kenio Pereira.
Síndicos tentam prevenir comportamentos de risco dos condôminos. Uma das regras compartilhadas pela administração de um edifício no bairro Floresta, na região Centro-Sul, por exemplo, recomenda: “verifiquem o portão de entrada e a garagem ao entrar. Não emprestem a chave da sua casa para pessoas que acabaram de conhecer na folia”.
Dependendo das medidas adotadas, o preço da taxa condominial pode aumentar de 5% a 15%, sublinha o presidente da AMSSP. Um dos maiores custos no período é o aluguel de grades para cercar os prédios. “Quando o prédio é pequeno e precisa só de grades na entrada, fica na faixa de R$ 1.000. Se for um prédio de esquina, chega a R$ 8.000”, calcula ele.
Na avenida Assis Chateaubriand, no bairro Floresta, corredor de blocos de Carnaval, um edifício com 144 apartamentos alugava grades todos os anos, até que decidiu comprá-las — a um custo de R$ 20 mil. “Cuidamos com muito carinho do jardim, e o primeiro motivo das grades é protegê-lo”, justifica o síndico, Idelson Carmo de Araujo.
Por outro lado, há um limite para a proteção. O diretor do braço mineiro da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário, Kenio Pereira, reforça obrigações dos prédios: “a grade pode ficar rente ao prédio, não pode haver nenhum obstáculo. Tem que haver tolerância”.
Fonte: https://www.otempo.com.br/carnaval/2024/condominios-de-bh-listam-regras-e-se-cercam-com-grades-para-carnaval-2024-1.3323563