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16/10/2024 às 11:00
5º dia de apagão

Sem energia elétrica, moradores de condomínio dão 'jeitinho' com geladeira coletiva para armazenar alimentos e remédios

Conjunto residencial na Zona Sul da capital paulista conta com mais de mil moradores e está sem energia desde a sexta-feira (11).

Sem energia elétrica desde a última sexta-feira (11), moradores de um condomínio de prédios na Vila das Belezas, Zona Sul da capital paulista, relataram que tiveram que dar um "jeitinho" para amenizar os transtornos da falta de luz.

Por conta do gerador, alguns serviços essenciais continuam funcionando, como os elevadores e a energia nas áreas comuns. Com isso, o condomínio criou algumas estratégicas: uma geladeira que ficava na sala da administração foi colocada no corredor para que pudesse ser usada de forma coletiva.

Os moradores, então, passaram a armazenar na geladeira alimentos e medicamentos que precisam de refrigeração. Com a demanda, outras quatro geladeiras também passaram a ser usadas no local.

Mas além das geladeiras, outros serviços também passaram a ser feito na área comum do prédio pelos moradores, onde tem energia.

A idosa Creuza Costa conta que precisou fazer sua sessão de fisioterapia na brinquedoteca do condomínio, já que sofre com dores e não podia desmarcar.

"Olha, a minha maior dificuldade é que meu marido está acamado. A fisioterapia, hoje, ele não conseguiu fazer porque não conseguiu descer [na brinquedoteca]. Eu estou com muita dor também. Muito difícil".

Segundo a síndica do prédio, Luciana Toledo, a Enel ainda não deu uma previsão de quando a energia retorna ao local.

"A gente não consegue ter um retorno preciso do que de fato está acontecendo, e quanto tempo a gente ainda vai ficar nessa situação", afirma.

5° dia de apagão

Moradores da Grande São Paulo completaram mais de 100 horas sem energia na manhã desta quarta-feira (16) Segundo informações da Enel, cerca de 100 mil imóveis ainda seguiam no escuro até as 6h.

De acordo com a Enel, do total, cerca de 7,6 mil se referem a ocorrências registradas no temporal de sexta (11). As cidades e bairros não foram informados.

"As equipes atuam, desde os primeiros momentos da tempestade de sexta-feira, no restabelecimento de energia para os clientes que tiveram o serviço afetado e para aqueles que ingressaram com chamados de falta de luz ao longo dos últimos dias".

Nesta terça-feira (15), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se reuniu com prefeitos da região Metropolitana e afirmou, em coletiva de imprensa, que fizeram uma carta pedindo intervenção federal no contrato de concessão da Enel.

A carta foi entregue para Augusto Ribeiro Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Ele é relator na Corte de Contas de dois processos sobre os apagões em áreas de atendimento da empresa no estado.

  • Um dos processos aborda a postura do governo federal ao cobrar explicações a Enel sobre apagões anteriores.
  • Em outro, o relator analisa representação do subprocurador-geral do Ministério Público ao TCU, Lucas Rocha Furtado, para apurar omissões da Enel.

"A intervenção é fundamental porque a empresa não está fazendo o que cabe porque não quer ter despesa com operações simples, essa é a realidade. Por que que a empresa não fez o que deveria? Porque ela não queria gastar dinheiro. Esse vira o papel do interventor, que pode determinar as despesas a serem feitas. Então a sugestão que a gente faz é urgente ou na próxima chuva a gente vai estar aqui passando pelo mesmo problema", afirma Tarcísio.

"A intervenção na empresa é necessária para que nós [governo e prefeituras] possamos abrir o processo de cada prefeitura para extinção do contrato com a empresa, que já se mostrou incapaz de prestar um serviço de qualidade no Estado de São Paulo", continua.

Segundo o contrato da Enel, a intervenção pode ser feita em caso de prestação de serviço inadequada, essa intervenção pode ser determinada por decreto do presidente da República.

Mortes e quedas de árvore

A falta de energia ocorre após um temporal ter atingido o estado de São Paulo na última sexta-feira (11). Segundo a Defesa Civil, sete pessoas morreram na região metropolitana e no interior do estado (veja mais abaixo).

A Prefeitura de São Paulo informou que registrou 386 ocorrências de quedas de árvores até esta segunda-feira. Destas, 49 aguardam a atuação da empresa Enel para que as equipes municipais iniciem o trabalho.

O temporal também atingiu 150 escolas, sendo 68 com falta de energia, de acordo com a Secretaria Estadual da Educação.

"Amanhã (15), não haverá aulas nas escolas estaduais por conta do Dia do Professor. As unidades sem energia elétrica já acionaram a concessionária responsável e aguardam a manutenção da rede. As equipes técnicas de obras da Seduc-SP continuarão a realizar os reparos para que as aulas retomem na quarta-feira (16)", disse a pasta em nota.

Conforme a Enel, em acordo feito com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a empresa cumprirá o prazo de três dias para restabelecer totalmente o fornecimento de energia a todos os clientes.

"Para atender casos críticos, a Enel disponibilizou 500 geradores (40 de grande porte) para serviços essenciais, como hospitais, e clientes que dependem de eletricidade para manutenção de equipamentos hospitalares, por exemplo."

Força-tarefa

O ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira afirmou que outras concessionárias do país farão uma força-tarefa para que a Enel consiga restabelecer a energia elétrica para os milhares de imóveis da capital e Grande São Paulo que continuam sem luz nesta segunda (14).

"Somados às distribuidoras CPFL, Enel, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light, Energisa, que estão aqui hoje, nós estamos ampliando de 1.400 [funcionários da Enel] para 2.900 profissionais, além de mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes, fora os caminhões de própria Enel, e mais de 50 equipamentos", afirmou.

A distribuidora Neoenergia Elektro também participa da força-tarefa. Ao g1, informou que deslocou equipes do interior de São Paulo para a capital para apoiar a Enel.

Durante a coletiva, o ministro criticou o fato de a empresa não dar previsão de restabelecimento de energia para os moradores, disse que a Enel "beirou a burrice" ao se modernizar e reduzir sua mão de obra e fez duras críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) o acusando de divulgar fake news em relação ao contrato com a Enel e cobrou por mais planejamento urbano.

"Quando a Enel disse que não tinha previsão de entrega dos serviços à população, eu disse que ela cometeu um grave erro de comunicação, um grave erro de seu compromisso contratual com a sociedade de São Paulo de não dar uma previsão objetiva. Eu disse pra ela [Enel] que ela tem os próximos três dias pra resolver os problemas de maior volume".

O presidente da Enel, Guilherme Lencastre, afirmou no sábado (12) que a empresa disponibilizou 500 geradores para atender hospitais e estabelecimentos que estão sofrendo com a falta de luz na região de concessão, além de ter dois helicópteros da empresa sobrevoando as linhas de transmissão para identificar eventuais problemas.

Lencastre culpou o vento histórico que atingiu a capital paulista e as cidades da Grande SP, com rajadas de mais de 107,6km/h pelos transtornos ocorridos na cidade. Ele não deu prazo para a volta total da energia na área de concessão.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/10/15/sem-energia-eletrica-moradores-de-condominio-dao-jeitinho-com-geladeira-coletiva-para-armazenar-alimentos-e-remedios.ghtml

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