Residência de Fernando Collor, em Alagoas, estava dentre os alvos do grupo criminoso; grupo foi descoberto porque uma das integrantes comprou um lanche antes de um crime.
Uma quadrilha formada por jovens de São Paulo está sendo investigada por praticar roubos milionários em várias cidades do interior do estado. Eles invadiram mansões e apartamentos de alto padrão, usavam telefones e carros clonados para não serem pegos, e ainda tinham acesso a um sistema de monitoramento de viaturas da Polícia Militar.
Em Araçatuba, no interior paulista, uma pessoa mexe em uma câmera de segurança de uma residência. Em seguida, três homens abrem o portão e entram na casa, depois de horas, terminam o roubo e fogem com diversas malas e sacolas. E só depois de meia hora, outra câmera mostra PMs chegando ao local.
O desencontro não aconteceu por acaso. A Polícia Civil de Araçatuba descobriu que a quadrilha monitorava as ocorrências e as viaturas da PM. Assim, ficava sempre um passo à frente.
À frente também estavam na escolha dos alvos dos roubos. Após ouvir moradores e funcionários das casas roubadas, a polícia descobriu que o líder do grupo tinha acesso a um banco de dados obtido no mercado negro. E de posse desses dados, faziam uma quantidade excessiva de ligações para tentar descobrir informações – mais de 200, em alguns casos. Todas feitas por um mesmo homem. Luiz Fernando Schneider, considerado o chefe do grupo.
“Ele se passava por um agente de concessionária angariando informações com idosos, empregados, confirmando endereços”, explicou o delegado José Abonízio. “Normalmente quem atendia às ligações eram funcionários, que acabavam passando que os moradores não se encontravam na residência”.
Segundo o delegado José Abonízio, depois que Luiz Fernando obtinha as informações que precisava, a quadrilha tinha duas maneiras de agir. Em casas, homens entre 25 e 35 anos faziam o arrombamento dos portões. Quando eram apartamentos, jovens de 18 a 22 anos tentavam entrar – sendo duas meninas jovens, ou um menino e uma menina, ou dois meninos – se passando por moradores ou hóspedes.
“Geralmente os porteiros permitiam o ingresso, com medo de serem chamados a atenção”, explicou o delegado.
Além da invasão em si, a quadrilha usava carros com placas clonadas e celulares em nome de estrangeiros. E tinham tanta convicção em seus planos, que não utilizavam nenhum tipo de disfarce.
O esquema criminoso começou a ruir por causa de uma compra feita por uma das integrantes da quadrilha. Antes de assaltar a um apartamento, ela comprou um lanche em um local a menos de 1km de distância, e chegou com ele na mão. Examinando as câmeras de segurança da lanchonete, a polícia encontrou o momento em que uma das suspeitas fez o pagamento.
A polícia descobriu que a jovem que comprou o lanche, Maria Luyza, já havia participado de outro assalto ao condomínio onde mora o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal. E a partir dela outros onze suspeitos foram identificados – incluindo Luiz Fernando, o cabeça da quadrilha.
A polícia conseguiu áudios de conversas da quadrilha para definir seus alvos. Em um deles, o grupo reserva uma pousada perto de Maceió. A capital alagoana seria o palco de uma tentativa de roubo ao apartamento do ex-presidente Fernando Collor de Melo. E além desse, uma outra cobertura também seria roubada.
A Polícia Civil de Maceió esteve em contato com a Polícia Civil de São Paulo. Nas suas investigações, descobriu que o grupo visitou os prédios onde moram vários empresários e autoridades de Alagoas. E quando eles saíram de um desses prédios, foram abordados e presos.
Nove das 12 pessoas monitoradas foram presas – incluindo Luiz Fernando e Maria Luyza. Logo após a prisão, Luiz Fernando confessou os crimes. No entanto, em novo depoimento, ele negou tudo.
A defesa de Luiz Fernando falou ao Fantástico que a inocência dele ficará provada no transcorrer da investigação.
A equipe do Fantástico tentou contato com a defesa de Maria Luyza, mas até a noite da sexta-feira (19), ela não tinha nenhum advogado neste processo.
Ainda, em nota ao Fantástico, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que o caso do monitoramento das viaturas da PM está sob sigilo para não atrapalhar as investigações. E que, comprovada a irregularidade, os envolvidos serão responsabilizados nos termos da lei.
Fonte: https://www.sindiconet.com.br/informese/stalker-idosa-presa-invadir-apartamento-mg-noticias-seguranca