O temporal que atingiu a região de Porto Alegre na madrugada desta quinta-feira compromete a rede de fornecimento de energia elétrica. São mais de 750 mil pontos sem luz apenas na área de concessão da CEEE Equatorial. Na Capital, quatro Estações de Tratamento de Água (ETAs) ficaram sem luz, o que segundo o Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae) pode afetar o abastecimento de água de 72 bairros.
Por volta das 7h, equipes da CEEE Equatorial atuavam para restabelecer o fornecimento de energia na ETA São João, no bairro Higienópolis. A estação bombeia água potável para os bairros Auxiliadora, Boa Vista, Higienópolis, Passo D’Areia, São João, Morro Santana, Jardins Itu e Sabará, Parque do Arvoredo, Jardim Planalto, Sarandi, Passo das Pedras, Jardim Ingá, Rubem Berta, e Parque Santa Fé.
As estações Menino Deus e Belém Novo também ficaram sem energia elétrica. Segundo o prefeito Sebastião Melo informou ao Correio do Povo, por volta das 9h30 as três estações de abastecimento estavam com o fornecimento de luz normalizado, mas o impacto no bombeamento de água não estava descartado.
A Estação de Tratamento de Água das Ilhas, contudo, seguia sem previsão de voltar a ter o fornecimento de energia elétrica normalizado. A situação deixa toda a região do Arquipélago sem água potável. Segundo a prefeitura, caminhões-pipa serão enviados à região das Ilhas para garantir o abastecimento dos moradores até a normalização dos serviços.
A ETA Menino Deus atende aos bairros Agronomia, Alto Teresópolis, Aparício Borges, Azenha, Assunção, Belém Velho, Camaquã, Cavalhada, Centro, Cidade Baixa, Cristal, Intercap, Jardim Botânico, Jardim Carvalho, Jardim do Salso, Jardim Europa, Medianeira, Menino Deus, Nonoai, Partenon, Parque Charruas , Petrópolis , Praia de Belas, Santana, Santa Tereza , São Jorge, São José , Santo Antônio, Tristeza, Vila Campo da Tuca, Vila Conceição, Vila dos Comerciários, Vila dos Sargentos, Vila Alto Erechim, Vila João Pessoa, Vila Nova e Vila Topázio.
A ETA Belém Novo atende aos bairros Aberta dos Morros, Belém Novo, Campo Novo, Chapéu do Sol, Hípica, Lageado, Lami, Lomba do Pinheiro, Pitinga, Ponta Grossa e Restinga.
Também em São Paulo, a falta de energia elétrica tem sido motivo de transtornos. Desde segunda-feira (18), dois apagões em sequência afetaram 38 mil consumidores na região central, onde muitos prédios ainda não possuem uma fonte alternativa de abastecimento.
Segundo a Enel, a distribuição foi restabelecida para 97% dos clientes até a manhã de hoje (21), mas uma nova falha foi identificada na rede subterrânea. A concessionária afirma que a causa dos problemas foi uma obra realizada pela Sabesp - companhia de saneamento básico do estado, que nega ter danificado a fiação aterrada.
Essa não é a primeira vez que a cidade sofre com a falta (ou instabilidade) de energia elétrica em épocas de altas temperaturas. Em novembro do ano passado, mais de 2 milhões de consumidores foram afetados pela interrupção do serviço em toda a região metropolitana – parte deles, por vários dias. O caso rendeu uma multa milionária à distribuidora e, agora, coloca a renovação da concessão na mira do MME (Ministério de Minas e Energia).
Na opinião de Túlio Fonseca, CEO da Energy Brasil, situações como essas tendem a se repetir com frequência, independentemente do município e da concessionária. Entre os principais motivos estariam os eventos climáticos extremos; os recordes de consumo, especialmente em grandes centros; e a precariedade dos sistemas de transmissão e distribuição para atender aos picos de demanda.
“Quando dependemos do SIN (Sistema Interligado Nacional), estamos sujeitos a muitas variáveis, que influenciam na oferta e no preço da energia. Cada vez que ocorre um apagão, as empresas deixam de vender, os pacientes têm seus tratamentos prejudicados, as famílias perdem a comida refrigerada, enfim, há um prejuízo socioeconômico incalculável para a população em geral”, afirma ele.
Uma das soluções para evitar transtornos relacionados a falhas no fornecimento de eletricidade a imóveis urbanos e rurais é a instalação de sistemas fotovoltaicos que utilizam a tecnologia das baterias, como as modalidades off-grid e híbrida. Assim, a produção excedente de energia é armazenada e pode ser usada em qualquer horário do dia, mesmo quando há indisponibilidade da rede pública.
“O uso de baterias começa a despontar no mercado de energia solar fotovoltaica, justamente por permitir mais autonomia às pessoas e empresas. Essa tendência se deve não só à necessidade dos consumidores, mas também à democratização dos equipamentos. Na última década, por exemplo, o valor médio das baterias de lítio no mercado internacional caiu, em média, cerca de 80%”, diz Fonseca.
Fontes: Correio do Povo, R7, Túlio Fonseca (CEO da Energy Brasil)