Em vídeo publicado nas redes sociais, sistema autoriza abertura da porta facilmente para mulher que nunca havia estado no condomínio. Especialista explica erro.
Uma turista que visitava Brasília conseguiu abrir a porta de um prédio na W3 Norte por meio de reconhecimento facial mesmo sem nunca ter estado no local. Em vídeo publicado nas redes socias, Camila Freitas mostra a mãe, Rosemary Xavier, sendo reconhecida pelo sistema de um condomínio que elas nunca tinham visitado antes.
Nas imagens, é possível ver a mulher se aproximando do aparelho e abrindo a porta. Segundo especialistas, o erro pode ter ocorrido pelo sistema exigir menos dados para reconhecer o rosto e, assim, fazer a liberação de forma mais rápida, o que traz menos segurança (veja detalhes abaixo).
Ao g1, Camila contou que ela e a mãe passavam pelo prédio residencial quando escutaram uma voz dizendo "obrigada". Elas perceberam que "a voz" que vinha do aparelho de reconhecimento facial que fica na porta do prédio, em frente a uma calçada.
Por curiosidade, Camila diz que testou com o próprio rosto abrir a porta, mas não teve o acesso liberado. Foi quando a mãe dela se aproximou do aparelho e "foi reconhecida", sendo a porta imediatamente aberta. Surpreendidas, elas resolveram gravar o que estava acontecendo.
"Esse sistema reconhece de longe, foi só a gente passar na porta que ele abriu", conta Camila Freitas.
Camila disse que ela e a mãe tentaram avisar os moradores sobre a falha no sistema de entrada do prédio, mas não conseguiram falar com ninguém.
O reconhecimento facial trabalha com a biometria e leitura facial da pessoa. Dependendo da rigorosidade do sistema, mais pontos ou menos pontos do rosto são lidos para que a liberação seja realizada.
O sistema funciona da seguinte maneira:
Quanto mais rigoroso for o sistema, maior a demora na leitura dos dados e, consequentemente, mais devagar pode ser o processo de acesso.
Se o sistema exigir 90% de similaridade, vai ser mais demorado, e se pedir 50%, vai ser mais rápido já que não exige tanto rigor.
Conforme o especialista em segurança por reconhecimento facial Victor Fumanchu, a falha no caso da turista que conseguiu abrir a porta de um prédio em Brasília pode ter surgido pelo sistema de segurança ser mais rápido em reconhecer os dados. O que, segundo ele, não é a melhor escolha em um sistema de reconhecimento facial.
"Ela poderia ser parecida com uma pessoa do condomínio e, por isso, liberou acesso. Esse fator se deve à configuração do linear de validação. Pode ser o melhor sistema do mundo, mas se o nível de linearidade está muito baixo pode correr o risco de validar uma pessoa que não está no sistema", diz Fumanchu.
O sistema de reconhecimento facial não funciona com gêmeos idênticos pois a leitura é ligada à face da pessoa. Se duas pessoas tem exatamente o mesmo rosto, precisa ser pensada uma outra forma de liberar o acesso deles, diz Victor Fumanchu.
"Nesse caso, para um dos irmãos é aplicada a identificação física, seja um cartão ou QR Code, e então apresenta sua face. Já o outro irmão autentica de outra forma que sinalize que são duas pessoas diferentes", diz o especialista.
Fonte: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2024/07/06/video-turista-engana-sistema-de-reconhecimento-facial-em-predio-veja-como-funciona-tecnologia.ghtml