Imagens não são de 2024, mas viralizaram nas redes sociais nesta semana. Entenda como funcionam as baterias usadas em bicicletas elétricas, carros, notebooks e celulares.
O vídeo de um acidente na China ocorrido em outubro de 2021, com a explosão de uma bateria de lítio em um elevador, viralizou esta semana nas redes sociais, levando ao compartilhamento de informações falsas sobre a segurança de veículos elétricos no Brasil.
O homem que transportava a bateria foi resgatado pelos bombeiros com o corpo carbonizado e medidas de segurança foram reforçadas globalmente. Rubião Torres, engenheiro e diretor da Engeprojet, explica que ocorreu uma falha no equipamento, tornando-se letal devido à associação com um ambiente confinado.
Uma vez que a segurança é responsabilidade dos condôminos, síndicos não podem proibir baterias em elevadores, então cabe aos proprietários de veículos elétricos verificar as condições das baterias de lítio e seguir as instruções de recarga e armazenamento dos fabricantes.
Apesar de ser um caso isolado, muitas dúvidas surgiram quanto à segurança das bateria de lítio. Por isso, o g1 consultou especialistas, representantes do setor e professores de química e física para esclarecer essas questões (veja as respostas mais abaixo).
Nos Estados Unidos, a população passou a se preocupar mais a partir da pandemia de Covid-19, quando, diante do crescimento dos serviços de delivery, entregadores começaram a procurar opções mais baratas de bicicletas elétricas.
Segundo a agência de notícias AP, no mercado "paralelo" (principalmente na internet), vendedores importavam baterias de lítio inseguras e sem certificação de segurança para reduzir os custos de produção dos veículos.
Só em Nova York, em 2022, foram cerca de 200 incêndios ligados a esses equipamentos, de acordo com as autoridades municipais.
E no Brasil, há algum controle da qualidade das baterias? Ao g1, a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) afirmou que o país ainda não tem uma regulamentação compulsória para as baterias de lítio.
"Elas são, em sua grande maioria, importadas. Entendemos ser de grande importância estabelecer um regramento brasileiro, pois há uma grande quantidade de produtos entrando em nosso mercado sem a devida comprovação de atendimento aos padrões mínimos de segurança", afirma o órgão.
Mas, calma, não precisa se desesperar: tomando os devidos cuidados na compra e no manuseio de aparelhos com essas baterias, é possível evitar acidentes. Os especialistas ouvidos pelo g1 reforçam que não é necessário abandonar as baterias de lítio.
Tire suas dúvidas abaixo:
Para começar, vamos entender que o metal alcalino lítio é frequentemente usado em baterias por 5 motivos principais:
"O principal é: o lítio é um átomo pequeno e 'leve' que, em pequena quantidade, gera uma carga alta de energia. Ele permitiu que aqueles celulares antigos, 'tijolões', virassem os modelos atuais, mais fininhos", explica João Pitoscio, professor de química do Curso Etapa (SP).
O mecanismo de funcionamento é o mesmo de outras baterias: dois eletrodos (polo negativo e polo positivo) ficam separados por um eletrólito (solução que transporta íons de um lado para o outro quando o aparelho é carregado ou descarregado).
Acontece, então, um processo de oxirredução. Em palavras mais simples: por meio da transferência de elétrons, a energia química é transformada em elétrica dentro da bateria.
Os especialistas reforçam que não é possível saber exatamente o que levou a bateria do vídeo a explodir.
De acordo com Leonardo Zani, professor de física do Curso Anglo (SP), as possibilidades são as seguintes:
"O mais provável é que tenha havido um curto-circuito por algum problema no separador dos eletrodos [que deveriam ficar isolados]. Isso levou à ignição [fase inicial do incêndio] e à explosão", explica Zani.
Antes de tudo, um esclarecimento: nas redes sociais, usuários compartilharam o vídeo com um alerta de "jamais transporte baterias de lítio em elevadores".
Os professores explicam, no entanto, que o elevador não oferece nenhuma condição específica que aumente o risco de incêndio. O problema é ser um espaço fechado, em que não há rota de fuga para a vítima.
"A bateria provavelmente já estava danificada e explodiria de qualquer forma", diz o docente de física.
Veja recomendações para evitar acidentes:
"É algo raro nos produtos atuais, porque costumam ter o sistema BMS [battery management system] de gerenciamento de bateria. Ele reconhece quando o nível máximo é atingido e interrompe o carregamento", explica Carlos Roma, diretor técnico da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
"Em itens mais antigos, se o tempo de carregamento for de 4 horas, por exemplo, mas você deixar 8h, a energia vai sendo injetada sem parar, aumentando a temperatura e causando problemas."
O melhor é não arriscar. Deixe o aparelho na tomada apenas pelo tempo especificado no manual de instruções.
Fonte: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/07/29/video-mostra-bateria-de-litio-explodindo-em-elevador-da-china-saiba-como-evitar-acidentes.ghtml