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31/07/2024 às 11:00
Explosão de bateria

Vídeo mostra bateria de lítio explodindo em elevador da China; saiba como evitar acidentes

Imagens não são de 2024, mas viralizaram nas redes sociais nesta semana. Entenda como funcionam as baterias usadas em bicicletas elétricas, carros, notebooks e celulares.

O vídeo de um acidente na China ocorrido em outubro de 2021, com a explosão de uma bateria de lítio em um elevador, viralizou esta semana nas redes sociais, levando ao compartilhamento de informações falsas sobre a segurança de veículos elétricos no Brasil.

O homem que transportava a bateria foi resgatado pelos bombeiros com o corpo carbonizado e medidas de segurança foram reforçadas globalmente. Rubião Torres, engenheiro e diretor da Engeprojet, explica que ocorreu uma falha no equipamento, tornando-se letal devido à associação com um ambiente confinado.

Uma vez que a segurança é responsabilidade dos condôminos, síndicos não podem proibir baterias em elevadores, então cabe aos proprietários de veículos elétricos verificar as condições das baterias de lítio e seguir as instruções de recarga e armazenamento dos fabricantes.

Apesar de ser um caso isolado, muitas dúvidas surgiram quanto à segurança das bateria de lítio. Por isso, o g1 consultou especialistas, representantes do setor e professores de química e física para esclarecer essas questões (veja as respostas mais abaixo).

Nos Estados Unidos, a população passou a se preocupar mais a partir da pandemia de Covid-19, quando, diante do crescimento dos serviços de delivery, entregadores começaram a procurar opções mais baratas de bicicletas elétricas.

Segundo a agência de notícias AP, no mercado "paralelo" (principalmente na internet), vendedores importavam baterias de lítio inseguras e sem certificação de segurança para reduzir os custos de produção dos veículos.

Só em Nova York, em 2022, foram cerca de 200 incêndios ligados a esses equipamentos, de acordo com as autoridades municipais.

E no Brasil, há algum controle da qualidade das baterias? Ao g1, a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) afirmou que o país ainda não tem uma regulamentação compulsória para as baterias de lítio.

"Elas são, em sua grande maioria, importadas. Entendemos ser de grande importância estabelecer um regramento brasileiro, pois há uma grande quantidade de produtos entrando em nosso mercado sem a devida comprovação de atendimento aos padrões mínimos de segurança", afirma o órgão.

Mas, calma, não precisa se desesperar: tomando os devidos cuidados na compra e no manuseio de aparelhos com essas baterias, é possível evitar acidentes. Os especialistas ouvidos pelo g1 reforçam que não é necessário abandonar as baterias de lítio.

Tire suas dúvidas abaixo:

Quais as vantagens do lítio?

Para começar, vamos entender que o metal alcalino lítio é frequentemente usado em baterias por 5 motivos principais:

  • alta densidade de carga (mesmo com estrutura menor, mantém uma boa capacidade de armazenar energia);
  • disponibilidade do recurso (o Brasil é o quinto maior produtor do mundo);
  • baixa "autodescarga" (descarrega pouco se não estiver sendo usado);
  • ciclo de vida útil mais longo;
  • carregamento veloz.

"O principal é: o lítio é um átomo pequeno e 'leve' que, em pequena quantidade, gera uma carga alta de energia. Ele permitiu que aqueles celulares antigos, 'tijolões', virassem os modelos atuais, mais fininhos", explica João Pitoscio, professor de química do Curso Etapa (SP).

Como a bateria de lítio funciona?

O mecanismo de funcionamento é o mesmo de outras baterias: dois eletrodos (polo negativo e polo positivo) ficam separados por um eletrólito (solução que transporta íons de um lado para o outro quando o aparelho é carregado ou descarregado).

Acontece, então, um processo de oxirredução. Em palavras mais simples: por meio da transferência de elétrons, a energia química é transformada em elétrica dentro da bateria.

O que pode levar uma bateria a entrar em combustão?

Os especialistas reforçam que não é possível saber exatamente o que levou a bateria do vídeo a explodir.

De acordo com Leonardo Zani, professor de física do Curso Anglo (SP), as possibilidades são as seguintes:

  • problema de design ou de produção da bateria (se ela tiver falhas nos separadores de eletrodos, pode haver curto-circuito);
  • pancadas ou perfurações (sofridas em quedas ou batidas do equipamento que usa a bateria);
  • uso inadequado (como deixar o aparelho na tomada por mais tempo do que o indicado no manual de instruções, levando a uma sobrecarga elétrica, ou usar um carregador falsificado);
  • condições extremas de temperatura (ambientes muito quentes ou muito frios — dificilmente seria o caso do elevador).

"O mais provável é que tenha havido um curto-circuito por algum problema no separador dos eletrodos [que deveriam ficar isolados]. Isso levou à ignição [fase inicial do incêndio] e à explosão", explica Zani.

Como evitar os acidentes?

Antes de tudo, um esclarecimento: nas redes sociais, usuários compartilharam o vídeo com um alerta de "jamais transporte baterias de lítio em elevadores".

Os professores explicam, no entanto, que o elevador não oferece nenhuma condição específica que aumente o risco de incêndio. O problema é ser um espaço fechado, em que não há rota de fuga para a vítima.

"A bateria provavelmente já estava danificada e explodiria de qualquer forma", diz o docente de física.

Veja recomendações para evitar acidentes:

  • Preste atenção ao tempo de carregamento. Dependendo da tecnologia e da qualidade do aparelho, fornecer energia em excesso à bateria pode fazer com que ela superaqueça e exploda.

"É algo raro nos produtos atuais, porque costumam ter o sistema BMS [battery management system] de gerenciamento de bateria. Ele reconhece quando o nível máximo é atingido e interrompe o carregamento", explica Carlos Roma, diretor técnico da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

"Em itens mais antigos, se o tempo de carregamento for de 4 horas, por exemplo, mas você deixar 8h, a energia vai sendo injetada sem parar, aumentando a temperatura e causando problemas."

O melhor é não arriscar. Deixe o aparelho na tomada apenas pelo tempo especificado no manual de instruções.

  • Fique atento também ao tipo de carregador usado: escolha sempre o indicado pelo fabricante e jamais compre um falsificado.
  • Pesquise sobre a qualidade do fabricante antes de comprar o produto. Duvide de preços muito baixos.
  • Observe se há danos externos na bateria. Se ela sofrer uma queda em uma bicicleta elétrica, por exemplo, verifique se está rachada ou se manifesta algum outro prejuízo aparente. Nunca tente consertá-la de maneira amadora, com fitas adesivas, nem a conecte ao carregador antes de uma inspeção.
  • Submeta a bateria a vistorias técnicas regulares, porque possíveis problemas internos só serão detectados por um especialista.
  • Armazene a bateria (e o equipamento) em ambientes com temperatura adequada. Condições extremas de frio e calor podem gerar prejuízos graves.
  • Se a bateria estiver muito quente, inchada ou ruidosa (com estalos e assobios), interrompa o uso e procure assistência técnica. No caso de fumaça, ligue para o Corpo de Bombeiros imediatamente.
  • Não deixe o equipamento exposto à luz solar direta.
  • Evite carregar baterias de lítio em superfícies como camas, sofás, carpetes e cobertores, que podem elevar a temperatura do aparelho.
  • Nunca carregue a bateria em locais próximos a saídas de incêndio, para que haja rota de fuga em caso de acidente.

Fonte: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/07/29/video-mostra-bateria-de-litio-explodindo-em-elevador-da-china-saiba-como-evitar-acidentes.ghtml

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